Braille gostava de música clássica e, como os professores do conservatório vinham dar aulas gratuitas no Instituto, dedicou-se ao estudo de música, que consistia em ouvir e repetir o que era ouvido.
As condições não eram ideais, mas Braille tornou-se um excelente pianista e mais tarde talentoso organista.
Um encontro com Teresa von Paradise, concertista cega, foi decisivo na sua vida. Aprendendo música com ela, tornou-se rapidamente organista e violoncelista. Aos quinze anos foi admitido como organista da Igreja de Santa Ana, em Paris e mais tarde foi organista da Notre Dame des Champs, além de tocar em festas e dar aulas de piano.
Em 1828 aplicou seu sistema, criado em 1824, à notação musical, possibilitando aos cegos de todo mundo a ler e escrever partituras musicais.
Embora os cegos tenham sempre ocupado funções diversas, alguns dos cegos mais popularmente conhecidos são cantores e/ou músicos.
Por exemplo: Francisco Landino, o florentino cego, teria sido um dos primeiros a fazer uso da nova invenção do pedal ao órgão (no século XIV), o que possibilitou a execução de sons que perduravam por mais tempo; Antônio Cabezón, organista cego do século XV; o compositor espanhol cego Joaquim Rodrigo, autor do famoso Concerto de Aranjuez; o conhecido tenor Andrea Bocelli; na música pop internacional, Ray Charles e Stevie Wonder; e na música brasileira, a cantora Kátia e o grupo Tribo de Jah.
Hoje, todo esse legado deixado por ele nos motiva a tornar a música mais acessível; ler uma partitura em braille significa conhecimento e independência. Todo som pode ser escrito, em tinta ou braille e saber exatamente o que se toca ou canta pode fazer toda diferença. O conhecimento da notação musical braille pode auxiliar o futuro educador ou o músico que recorre à partitura para conhecer a melodia ou ainda para transcrever uma simples melodia.
Em 2009, ano da comemoração ao Bicentenário de nascimento de Louis Braille tive a oportunidade de participar de um curso, como bolsista convidada, pela FOAL (Fundação ONCE para a América Latina) em Cartagena de Índias, Colômbia.
Nessa ocasião pude verificar o que se têm feito nessa área na América Latina e Espanha e comprovar que estamos no caminho certo no que se refere ao ensino e propagação da música braille entre nós.
Ainda muito tem de ser feito por aqui, como a necessidade de um centro aglutinador de informações, livros e partituras em braille em maior quantidade e a formação de novos educadores musicais e transcritores para podermos contribuir ainda mais e de maneira eficaz com a formação musical de nossas crianças e jovens.
Essa preocupação e trabalho que venho realizando no Instituto Padre Chico também foi apresentado em forma de oficina, no XV Seminário Latino-americano de Educação Musical realizado pelo FLADEM (Fórum Latino-americano de Educação Musical) na cidade de Córdoba, Argentina, com o título A Educação Musical do Deficiente Visual e a Musicografia Braille.
Nessa ocasião conheci Ethel Batres, atual presidente do FLADEM, que participou da oficina. Para minha satisfação todos gostaram muito da apresentação e do tema, que ainda é desconhecido em muitos países e a música braille pouco difundida e acessível. IB
(Revista do ICPC 2009)
DIA INTERNACIONAL DO CÃO GUIA - 28 DE ABRIL
Parabéns pela iniciativa inovadora! Bons trabalhos precisam ser divulgados, o que só facilita o acesso a quem precisa e busca.
ResponderExcluirLegal!
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