quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

ANDREA CAVALHEIRO DEFENDE MESTRADO NA USP - Com outros olhos: um estudo das representações da "cegueira" e/ou "deficiência visual"

Mestrado em Antropologia Social
FFLCH / USP - Defesa: 17 jan

Depois de assistir a defesa de tese da Andrea Cavalheiro, pedimos que ela respondesse algumas questões sobre seu trabalho. Nada melhor do que ler suas próprias palavras:

Por que você escolheu o tema da deficiência visual? Escolhi estudar a “deficiência visual” meio por acaso, mas não por acaso me envolvi tanto. Primeiro porque fiz muitos amigos, depois porque esses amigos me levaram a refazer meus conceitos e a diminuir meus preconceitos sobre o que a gente considera como corpo perfeito, sobre as infinitas possibilidades de capacidades, sobre como lidar com doenças, entre outros.
Do que se trata sua dissertação? Ela procura entender a deficiência visual enquanto uma construção social histórica, analisando seus significados. No senso comum ser cego é meramente uma contingência de cunho biológico-natural, mas a Antropologia tenta mostrar que todos os significados criados em torno do ser cego são construções sociais. Por exemplo, entre outras coisas ser cego é ser incapaz, dependente e indefeso. Cada um desses atributos possui uma história específica, ligada a saberes e a interesses que os reproduzem. Por exemplo, ser indefeso pode remeter à Bíblia, à parábola do cego "Pode um cego guiar outro cego? Não cairão os dois num buraco?” (Lucas, capítulo 6, versículo 39). Neste trecho há a expectativa de que cegos são mais suscetíveis a caírem ou ferirem-se em obstáculos do entorno. Na prática, esses significados, reproduzidos há séculos, geram expectativas, que são imputadas a pessoa cega que passa a assumir-se como indefesa e a temer obstáculos, a temer sair sozinha na rua, etc. A dissertação procura avaliar diversos significados da cegueira, mostrando como são construídos socialmente e como esses significados ganham uma aparência natural. Afinal, não parece tão natural que o cego seja indefeso, incapaz e dependente? A dissertação procura mostrar que não é.
Fale sobre a Antropologia e qual sua importância nas questões da dificiência visual. A Antropologia estuda as relações sociais, como as pessoas interagem, as estruturas de poder da sociedade, entre outros. Acho que a Antropologia e, em particular, a minha pesquisa podem ajudar a desconstruir preconceitos e a auxiliar a construção de políticas públicas junto com os movimentos sociais. A dissertação ficará disponível on-line no site http://www.teses.usp.br/
Parabéns Andrea e sucesso!

Fotos: Luiz Gustavo Berro.


Descrição:
Foto 1: capa da dissertação; Universidade de São Paulo. Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social. Convite. Defesa de Dissertação. Mestranda Andrea de Moraes Cavalheiro. Banca: Profª Drª Sylvia Caiuby Novaes (orientadora), Prof. Dr. Júlio Assis Simões (DA/USP), Dr. Cesar Augusto de Assis Silva (CEBRAP). Com outros olhos: um estudo das representações da "cegueira" e/ou "deficiência visual". Data: 17/01/2012. Horário: 14h. Local: Sala de Concursos (nº 122). Prédio da Administração da FFLCH. Rua do Lago, 717. Cidade universitária. Foto do lado direito da capa: uma menina com as duas mãos em uma folha impressa em braille.
Foto 2: Andrea Cavalheiro.
Foto 3: Da esquerda para a direita: Prof. Júlio, Andrea, Cesar e Prof.ª Sylvia.

3 comentários:

  1. Quero ler e me inspirar...

    Parabéns, Andrea.

    Bj

    Lu

    ResponderExcluir
  2. Oi Isabel, tudo bem? Não pude ir ver a defesa da Andrea, mas acredito que tenha sido muito bom sua dissertação.

    Ela, assim como você, é uma aliada na defesa dos direitos da pessoa com deficiência.

    Abraços e beijos

    ResponderExcluir
  3. Oi Ricardo! É verdade, acho que disse bem. Somos aliados... Beijos.

    ResponderExcluir